O governo do partido dos trabalhadores
anda levando ao extremo a opção por um governo de coalizão. Já faz um bom tempo
vem se aliando a adversários históricos. Entres eles, Sarney, Collor, Paulo
Maluf, apenas para citar alguns. Sua identidade, que já não era clara, ficou
ainda pior.
Neste momento de crise por
que vem passando o governo Dilma, nenhum partido vem ganhando tanto como o
PMDB. Com a popularidade da presidente em queda, inflação, aumento do
desemprego, alta do dólar etc., o governo vem barganhando de modo temerário,
pondo à disposição de seus “aliados” até mesmo o que não podia. É possível
mesmo dizer que eles mantém a presidência, mas já não governam faz um bom tempo.
São reféns do PMDB, o fiel da balança, o dono da bola.
Chama a atenção o fato de
isso se tornar mais claro quando o governo hipoteca sua sobrevivência na aprovação
de matérias antipopulares e antitrabalhistas. E assim, aquele que já foi
considerado o “maior partido de esquerda do mundo”, passou para a “centro-esquerda”,
e, agora, anda caindo pelas tabelas de tão direitista, sustentando e sendo
sustentado por ruralistas, banqueiros, agiotas, empreiteiros, corruptos etc.
Entretanto, ainda assim, há
aqueles que defendem as opções como as mais acertadas ou, dadas as condições
adversas, as possíveis. Aos que criticam, chama “utópicos”, “esquerdistas”, gente
incapaz de entender adequadamente a atual conjuntura.
Lembrei do clássico de Lenin.
Esquerdismo, doença infantil do
comunismo. Mas, francamente, não creio que a crítica do líder da Revolução
Russa possa ser dirigida, com razão, contra os que criticamos os rumos do atual
(des)governo, denunciando o serviço que ele presta à burguesia e o desserviço que
presta aos trabalhadores.
Inspirado em Lenin, creio mais
correto dizer que o direitismo é uma doença senil do petismo. Pois, desde o
primeiro mandato de Lula, o partido vem mostrando que entrou, definitivamente,
numa decadência política, intelectual e moral.
[1]
Cientista Político e
Mestre em
Desenvolvimento Regional pela Universidade Federal do Acre, e
pesquisador do Núcleo de Pesquisa Estado, Sociedade e Desenvolvimento na
Amazônia Ocidental (NUPESDAO). E-mail: israelpolitica@gmail.com
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