Por Antonio Rocha*
Sobre a tática utilizada pela 'troika',
Saflate foi contundente ao afirmar que: "Uma das armas mais
perversas do poder é levar os sujeitos a se verem como impotentes e incapazes
de operar grandes transformações. O poder age deprimindo-nos, ou seja,
levando-nos a crer que não temos força, que as causas de nosso sofrimento
social são demasiado complexas para termos o disparate de querer mudar o rumo
dos acontecimentos".
Em greve a quase um mês, lutando pela garantia de
seus direitos, os trabalhadores em educação do Acre, têm sido vítimas
constantes de uma enxurrada de manobras implementadas pelo Executivo Estadual e
disseminadas por seus asseclas travestidos de comunicadores que, a todo
instante, tentam desqualificar a greve dos professores e demais
servidores da educação, numa tentativa bizarra de enfraquecer o
movimento.
Discursos apelativos e rasteiros são construídos
e disseminados a todo instante para desqualificar a luta dos trabalhadores
junto à opinião pública como se eles fossem os responsáveis pelo fracasso
da educação no Acre. Alguns desses discursos colocam os professores grevistas
como verdadeiros vilões que lutam em causa própria e não respeitam a
"grande maioria" que deseja continuar no "mundo das
maravilhas" proporcionado pela tal "pátria educadora".
Para ilustrar essa singela observação, vejamos
alguns fragmentos de textos extraídos de colunas e sites que noticiam o
assunto:
“É lamentável que esses professores decidiram
manter o movimento, mas nada que implicará ou atrapalhará o curso normal do ano
letivo, pois 83% das escolas do Acre estão funcionando normalmente, 10%
funcionando parcialmente e apenas 7% é que tiveram suas atividades paralisada
totalmente, isso demonstra que apenas um pequeno grupo é que está realizando
esses manifestos”.
Esse tipo de discurso tenta colocar o governo
como vítima dos vorazes professores. Mas quando não conseguem convencer a
população, surge, outros mais incisivos que sugerem ao chefe do Executivo
Estadual intervenções antidemocráticas mais firmes, colocando um ponto final
nas mobilizações:
"O governador Tião Viana devia ter se
pronunciado sobre a greve, dizendo que não há como dar um centavo de reajuste,
no início do movimento. Mas, mesmo um pouco tarde deu um ponto final ao fazer o
anúncio oficial. Se não há como dar nada, nada justifica abrir
negociação".
Se ainda assim, o movimento continuar resistindo,
a tática utilizada é tentar fazer com que haja esmorecimento por parte dos
trabalhadores em greve:
"A greve pode continuar, mas a direção do
SINTEAC fica sabendo que não vai conseguir nada. Não vai adiantar interditar
pontes, invadir órgãos públicos, porque não vai resultar em ganho"
Se mesmo assim os educadores ainda não
entenderem o recado, vem a complementação do argumento:
"Como as coisas estão postas na mesa esta
será uma greve sem conquistas, a direção do SINTEAC sairá de mãos abanando. É a
velha história: o que não dá para resolver está resolvido".
O que esses ilusionistas não falam é que o
Governo mesmo dizendo que abriu as negociações, o diálogo com os trabalhadores
tem se restringido apenas à informação de que não há dinheiro e a equipe de
negociação só vai conversar em setembro. Os números oficiais apresentados pelo
Governo para justificar a impossibilidade de reajuste salarial, são contestados
pelos trabalhadores.
Ao que se percebe, existe uma tentativa de fazer
com que os trabalhadores retornem aos seus postos de trabalho e fiquem orando
para que ocorra um processo de negociação em setembro.
Mas a resistência continua e o comando de greve, aparentemente, entendeu os propósitos de Marx e Engels em sua Crítica da Educação e do
Ensino, onde diziam que "a miséria não ensina apenas o homem a orar, mas ainda muito mais: a
pensar e a agir”. Os trabalhadores e trabalhadoras em educação entenderam esse
recado e a greve continua.
______________________________
* É um cidadão comum, militante das
lutas sociais, que acredita no socialismo como instrumento para minimizar as
mazelas que assolam a sociedade.
Comentários